Retrospectiva ou Nova Perspectiva.

Última postagem de 2011!!!

O ano de 2011 foi um dos mais surpreendentes da minha vida. Ainda bem! Cheio de altos e baixos, cheio de vida. Posso afirmar com convicção que foi o ano em que mais fui feliz... Essas últimas semanas apenas confirmaram que este foi o meu ano! Aprendi a amar, aprendi que os amigos de verdade NUNCA te abandonam, reaprendi que amar é uma escolha! Descobri que não há verdades absolutas e fiz as pazes com Deus, permiti-me ser ajudada e deixei as lágrimas rolarem sem intenção de contê-las. Tive as seis semanas mais conturbadas da minha vida e as enfrentei com coragem. Reencontrei o Pedro em uma pessoa muito especial. Entrei 2011 com o pé direito e estou saindo com os dois pés, pela primeira vez em muito tempo me sentindo completa!

Obrigado Deus!
Agradeço também aos meus amigos de ontem, aos que chegaram no meio do caminho e aos que não cansam de me surpreender. Aos amigos! Porque sem vocês eu não sei se conseguiria ser tão forte.

Charlie,

agora que eu já sei que toda dor um dia acaba, larga esse livro e vem pra perto de mim. me toma pra si e diz que quer cuidar de mim. um sorriso por um beijo? minha alma aflita pede o conforto da tua. minha alma, o abrigo da tua. me dá um milhão de beijos? desejo do cheiro teu no corpo meu. da graça tua. silhueta & espelhamento. doçura & ventania.
devaneio.
É ver a barriga surgindo tímida
É pensar estar sozinha
e sentir o amor crescer
É amor e amor
E basta!
Quero estar com você.
Conhecer você.
Ser você.
Sua nitidez disforme.
A carícia torta.
Quero estar nua.
Sobre o corpo teu.
Ao entardecer.

O dia.

Procuro palavras, rabisco frases inacabadas.
Vasculho sentimentos meus nesta confusão que encontro dentro do meu coração.
Tento falar para o mundo, mas sons vindos da alma nao conseguem romper a barreira do espanto.
Esse e o instante que me devolvo a você.
Que me envolvo em sua luz e que passo a ser o brilho que vem de você.
Esse e o momento da voz que emudece, do corpo que para, das mãos que se quedam.
E chegada a hora da celebração da alma.
E e assim que meus olhos percebem na quase escuridão desse dia que amanhece, uma pequenina estrela, por pouco nao mais que um pontinho brilhante, balancando solto no espaço.
E vai clareando meu corpo.
De azul e rosa colore meus sonhos.
E de dourado tinge meu caminho como um sol na preguiça do amanhecer.
E as frases perdidas se encontram na porta do coração, sentimentos confusos se ajeitam dentro da alma.
As mãos, inda ha pouco paradas, tremulam suavemente. O corpo, como um sopro, se curva a esse instante tão belo, tão raro.
E a voz, por tanto tempo calada, timidamente ensaia uma canção de ninar.
É que, de repente, me bateu uma saudade...

Hoje é dia de festa! 20 anos de um inferno particular.
7 anos de choro, 7 anos de briga
8 anos de solidão
Algumas horas de felicidade e apreensão
Às 07h43min do dia 7 de novembro de 2011
recebi o sim para um sonho recente.
O de me conhecer através de uma gente miúda.
Por que de repente, me deu uma saudade de mim mesma...

Just a little bit of tears.

No more kisses
No more rings
No more "in a relationship"
No more two bodys on a single bed
No more love?
So, what's left?
Just a little bit of tears
It used to be love, but is over now
It used to be good, but we lost it somehow
Ficar com você foi arriscado, 
porque podia dar certo, 
mas não deu.

Indico! :D

 

Uma Maria desmiolada.

Lá vai ela, correndo.
Braços abertos ao desconhecido.
Futuro incerto e desinibido.
Fantasioso até.
Lá vai ela de novo.
Largando escudos e descontentamento.
Sem medo de arrebentar o coração.
Já faz tempo,
deu adeus ao sofrimento.
Lá vai ela, feroz.
Decidida a fazer da vida.
O que melhor possa ser.

Postado originalmente aqui.

Is this our farewell?

A paixão quer sangue e corações arruinados 
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago

Sofia sentia seu interior vazio, não sabia que doeria tanto, não havia nem ao menos imaginado aquela possibilidade, como estar preparada? Caminhava sob os olhares penosos dos transeuntes, há muito não chorava, muito menos em público. Soluçava, enxugava as lágrimas, parava buscando o ar que parecia fugir.
Ao chegar em casa não havia ninguém para consolá-la, não havia ningém para abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem, niguém para segurá-la quando desmaiou e rolou do alto da escada. Levantou-se ainda um pouco tonta, subiu vagarosamente os degraus, encaminhou-se ao banheiro e ainda com as roupas no corpo entrou embaixo da água fria. Despiu-se lentamente juntando as peças em um canto do box, desligou o chuveiro, deitou-se utilizando o monte de roupas molhadas como travesseiro e chorou até adormecer.
Sofia foi acordada pela mãe que a encheu de questionamentos, mas ela não conseguia pronunciar uma palavra sequer, balbuciou algumas palavras ininteligíveis e pôs-se a chorar novamente. Sua mãe a levantou, secou e a colocou na cama, deixou-a descansando enquanto fazia a janta.
Mas Sofia não conseguia mais dormir, chorava convulsivamente. Saiu da cama e, sem que a mãe percebesse, tomou uma cartela de calmantes. Não queria acordar, a dor era muito grande, quase palpável.
"Why did you leave me?" "I don't wanna be alone" Ela implorava, gritava para si mesma, não queria mais solidão, aquela solidão. Os espasmos seguiram por alguns minutos sem incomodá-la, sabia que em breve estaria descansando.
Quem sabe para sempre.

Voltei... e voltei com tudo.

Esse blog é o meu xodó, sempre foi, mesmo que eu o tenha abandonado, mesmo que tenha abandonado a mim mesma. Algumas mudanças na minha vida me fazem retornar hoje. De layout novo, mais parecido comigo.
Sou inadequada para ele, inadequada para o mundo.

Tenho vontade de sobra e o necessário para produzir bons textos.

Aos que quiserem me acompanhar, bem-vindos ao meu turbilhão de sentimentos, minha confusão pessoal.

Comunicado II.

Olá =)

Estou aqui apenas para informar que estou abandonado este blog.
Até tinha pretensões de reformulá-lo, mas minha paciência esgotou-se.
Esta será a última postagem. Gradativamente removerei as postagens até a completa exclusão deste.

Obrigado a todos que passaram por aqui,
em especial à Paju, ao Pedro e ao Doug, que me inspiraram e apoiaram tanto.

Amo todos vocês.

Meu novo espaço: Psychosis

Dedicado a dona Patricia.

Ei, é com a senhorita mesmo que quero falar.
Ah, não. Agora já és senhora. Senhora Patrícia.
Posso não conhecê-la, nunca ter escutado sua voz.
Aposto que é suave com seus escritos.
Mas tão intensa.
Ei, dona Patrícia.
Desejo-lhe toda a felicidade que escreves.
Com seus peixinhos num céu estrelado.
Um café quentinho e um "Me abraças?"
Todas as manhãs.

Mas que mentirosa esta Raposa.

Desejo-lhe mais, muito mais.
Tanto, tanto que não caberia em lugar algum.

Vem logo, enquanto meu coração ainda tem pressa.


Deixar escorrer essa tristeza, antes costumeira.

Agora passageira.

Abrir a porta para a felicidade.
 

Voa, voa bem alto.

"Tudo que amo, deixo livre.
Se voltar é porque realmente conquistei."


Amar é complicado, tenho um medo insuportavel da perda
Perda? Será que é justo? 
Este amor é tão grande e puro,
Como se liberta alguém a quem tanto se ama?
Dúvidas. Ela volta?
Ela estará mais feliz?
Quisera ter toda essa sabedoria,
Porém, não há outra solução,
O passarinho cresceu, terei que abrir a janela,
Lágrimas rolam, o pulsar do coração acelera
O pavor invade-me, sim pavor.
Não posso mais mantê-la engaiolada
Peço ao menos um cântico de esperança
Esperança que o meu pássarinho volte logo
Volte sempre ao seu ninho.




Este poema foi escrito pela minha mãe Ana,
após dias, meses e anos perdidos.

Winds of changing.

Se me perguntasses o motivo das mudanças, afirmaria categoricamente: "Necessito!"
Tenho essa necessidade, essa urgência em viver vidas diferentes, rostos diferentes, cores e sons diferentes. Inadequar sabores de inconveniência e inapropriação. Misturar ideias com realidade. Voar com pensamentos e palavras.

Ao mais alto que puder alcançar.

Hold her.

O conforto de um bom abraço.
Não se encontra em um par de braços qualquer.

Porque eu prefiro ser feliz ao seu lado.

Eis-me aqui, a Rafaella original.

I apologize if it makes you feel bad.
Seeing me so tense, no self-confidence.

Perdoe-me esta pessoalidade, mas ainda há assuntos inacabados. Mesmo depois de tantas metáforas. Faltou falar claro, cuspir as palavras certas.
Contando histórias de pessoas solitárias, subdividi a minha própria solidão. A falta de romance, de alegria, de amigos. A carência de uma jovenzinha insegura. Uma alma atormentada, cheia de anseios, sonhos impossíveis. Como diria o meu querido Renato "O mal do século é a solidão". E realmente é... Para onde quer que eu olhe, vejo apenas pessoas egoístas buscando satisfazer seus próprios desejos e ambições, sem se importar com o sentimento dos outros. Pessoas assim jé fizeram parte da minha vida e eu também já fui uma pessoa assim.
Quando falo da chuva, sinto toda a minha honestidade transbordar... É como se ela despertasse tudo que há de melhor em mim. Pode perguntar por aí, sou muito mais agradável em dias de chuva. Gosto de imaginar que Deus está chorando, arrependido por ter me feito defeituosa. Talvez tudo isso pareça uma grande besteira para você. E talvez de fato, seja tudo bobagem.

Seja o melhor que puder Rafaella, talvez assim, coisas boas aconteçam.

Ou não.

O sonho.

Caminhava por uma estrada de paralelepípedos dourados.
Uma longa e sinuosa estrada, que se estendia ao horizonte. Até onde os olhos podiam alcançar.
Recordo-me do meu querer, da minha vontade desesperada de alguém.
Sempre tive medo da solidão. Medo do que ela poderia fazer comigo.
"Você consegue sozinha, doutora."
Mas eu não quero, não quero estar sozinha.
Sentei à beira da estrada, recostei no tronco de uma velha árvore. Pensava muito naquelas pessoas que eu havia deixado para trás. Como eu estava arrependida de tê-los abandonado.
Não queria seguir o caminho e não havia mais volta.
Meus sentimentos estavam tão confusos e as lágrimas insistiam em rolar em minha face.
E em algum ponto antes de adormecer, recordo-me de ter visto um vulto se aproximar de mim.
Ao despertar me encontava em uma espécie de hospital, onde haviam muitos semblantes semelhantes ao meu, cheios de arrependimento.
Com a visão ainda um pouco turva, levantei-me e sai do quarto coletivo.
Era estranho como toda porta pela qual eu passasse dava exatamente na mesma sala.
Uma sala com o teto extremamente alto, de paredes tão alvas quanto as vestes que eu usava. Tão contrastante com a decoração.
Havia apenas uma grande mesa negra e duas cadeiras da mesma cor. Em uma delas havia um homem muito magro, de pele enrugada e olhar acolhedor. Um rosto familiar.
Ele sugeriu que eu me sentasse.
Acatei sua sugestão e perguntei-lhe o que eu fazia ali, como havia chegado e se eu já podia ir embora.
"Por que a senhorita não se acalma? As perguntas não são oportunas, na hora certa saberás o porque de tudo isso."
Retruquei dizendo que ele não podia me manter ali, eu precisava ir embora, havia muita coisa a ser esclarecida.
"Mas não fui eu que te trouxe aqui, você caminhou até este ponto da sua vida com seus próprios pés."
"O senhor só pode estar louco, eu acho que me lembraria se tivesse ido a algum lugar."

Ele apenas sorriu. Um sorriso seco.
"O senhor acha que eu estou brincando? Me deixe ir embora."
"Minha jovem, seu destino ainda não foi decidido. Não posso deixar que vá embora até resolver suas pendências terrenas."
"Pendências terrenas? O senhor não quer dizer que... Não. Eu só estou sonhando. Isto é apenas um sonho."
"Sim, isto é apenas um sonho. Um alerta. Não cometa nenhuma bobagem. Você não vai querer estar aqui de verdade."
"Mas por que isso agora? Eu estou bem, e não penso mais em morte o tempo todo. Por que um alerta?"
"Você sempre tem perguntas inoportunas. Vais passar por mudanças em sua vida. Tem que estar preparada. Não quero ver seu sangue por aqui novamente. Agarre-se aquele que sabe do que eu estou falando."
"Mas como é que eu vou saber quem? Por que você  nunca é específico?"
"O que foi que eu te falei sobre a sua intuição? Não damos este dom à toa, nem a qualquer pessoa. Agora atravesse a porta, volte para o seu mundo e não se esqueça: não quero ver seu sangue aqui de novo. Este é meu último aviso. Não quero mais te ver."
"Eu posso te abraçar?"
"Não sabes que não podes me tocar. Queres ficar aqui de vez?"

Levantei-me lentamente, lancei-lhe um olhar de agradecimento e caminhei em direção à porta.
Antes de fechá-la pude vê-lo secar uma única lágrima que escorria pelo lado esquerdo de seu rosto.
Ao fechar a porta, despertei.

Tão pessoal e dolorido.

"O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho de vento no trigo..."

Seus desconhecidos cabelos dourados não vivem mais. Mesmo eles agora estão mortos. Viraram pó. Tudo agora é solidão.
Não há riso, não há choro. Apenas a voz do silêncio. E o cheiro de sangue.
Este cheiro que cisma em impregnar minhas narinas.
Eu sempre o imagino ser devorado por corvos.
Maldito Van Gogh.
Acho que finalmente é hora de dizer adeus, meu grande amigo.

Adeus.

Pedro, o que é poesia?

Pedro sentia seus olhos queimarem
A alma esvaia-se em seu arfar e gozar
Cada movimento não ensaiado
Novas perspectivas de amor

Das palavras e da colheita.

Dizem por aí, uns sujeitos indefinidos, que um jovem agricultor, de uma cidade longíqua, lá no interior, apaixonou-se por uma bela moça.
Bem apessoada e de fino trato, a jovem donzela vivia às voltas com seu livro de poesias. O agricultor, pobrezinho, só conhecia terra e sementes, o arado que o cavalo puxava com força.
Era tempo de plantio, de palavras e de amor, sol para um, chuva para outro. Equlíbrio que a natureza havia de conceder.
O jovem agricultor bate à porta da moça que atende cautelosa e o ouve dizer:

    Chegaste de repente
    E sem aviso roubaste meu coração
    Com teu olhar reluzente
    E com teu livrinho nas mãos

    Morena da pele de porcelana
    Tal qual meus olhos nunca viram igual
    Quis fazer-te minha dama 
    E proteger-lhe de todo mal

    Porém o destino me foi cruel
    Fez-me pobre, possuidor de nenhum vintém
    Mãos calejadas escrevem-lhe ao léu
    Estas sinceras palavras que valor algum têm

    Mas guardes na memórias
    Este pobre jovenzinho que te queres tão bem
    Talvez sirva de história
    Aquele que te bem quiseres também

Os olhos da jovem donzela iluminaram-se e ela retrucou:

    Meu jovem agricultor
    Pareces não conhecer bem teu ofício
    Decerto o fazes com amor
    Mas exige-lhe também sacrifício

    Não percebes em que tempo estamos?
    A vida, meu bem, sempre se ajeita
    Já passaram-se dois anos
    Já é hora da colheita

Dizem, os mesmos sujeitos indefinidos, que a jovenzinha largou a família rica para viver com os pés descalços na terra, com o poeta agricultor. Que eles têm uma vida sossegada, sem luxos, mas com muito amor.
Se a história é verdadeira? Esta pergunta eu também me faço. Prefiro acreditar que sim, que o amor pode vencer as barreiras enfim.

Um texto sem título algum.

Eu vivo em um mundo cheio de desesperança.
Cheio de ódio, mágoas e torpor.
Onde avôs abusam de suas netas.
E melhores amigos se vão sem cerimônia alguma.

Eu vivo em um mundo onde as pessoas más tem tudo.
Onde o mal é recompensado com glória.
Um mundo onde se mata e se morre.
Sem amor algum.

Eu vivo em um mundo onde as pessoas boas se isolam.
Por puro temor de tornarem-se ruins.
Onde a solidão impera.
E onde a solidão mata.

Eu criei meu mundo, onde não há portas nem janelas.
Nem corredor ou corrimão.
Onde não há nada além de memórias.
Onde não há nada além da solidão.


Postado originalmente em Seu sopro de insipração diária.

Desatinos de Sofia.

Escrevia:
"Pensava em solidão, vivia solidão e queria solidão.
Queria mesmo?"
Deixes de bobagem Sofia, ninguém quer solidão. A solidão é que é uma senhora oportunista. Aproveita-se de jovens tolas como tu.
Permanecia:
"Há solidão na vida. A solidão da morte, a buscar companhia."
Sofia, acordes. Não vês que só estás a perder tempo? Como podes estar só se estou aqui contigo?
Em palavras se esvaia:
"A morte com sorte, hoje encontra companhia."
Ah Sofia, aborreces-me com estes desvarios.
Com ajuda do cianureto,
Sofia dormia.

Trigo.

Ser raposa é o há de melhor em mim.
Esta insistência tola em criar laços.
Em negar os olhos de pessoas grandes.
E esperar.
Esperar que o vento acaricie o trigo.

Makes life easier.

Poeminha bobo e sem-graça.

Tristeza chegou.
Como de costume, sorrateita.
Perigosa.
Mandei embora.
Tô de caso com a felicidade.

Melancolia carnavalesca.

Ele a sentia em seu âmago.
A lhe amargar o espírito.
Maldita, maldita.
Ele se repetia.
Maldita melancolia.
Queres ver como dou fim a ti?
Tirou-a do coldre.
Sentiu o aço frio encostado na têmpora direita.
Morra desgraçada, morra.
Ecoa o vazio.
Impera a apatia.
Escorria a melancolia.
Presa ao sangue e à massa encefálica de Pedro.

Pessoalidade desnecessária.

O que queres que eu te faça.
Senão que te espanque.
Que queres que eu te seja.
Senão teu algoz.
Que queres da vida.
Senão solidão.
Descompasso constante.
Empacado frente à imensidão.



Solidão, sempre solidão.

O corpo.

Parecia mais um dia normal. E quente. Resolvi refrescar-me na piscina pública da cidade, esfriar o corpo e a mente cansada. Tudo acontecia como de costume, procurei o meu armário, de número 230. Estava ocupado, eu sabia que deveria ter saído de casa mais cedo. Tive que contentar-me com o 225. Despi-me e tranquei minhas coisas no armário. Ao entrar no ambiente da piscina, os mesmos corpos forçados ao máximo em horas desperdiçadas em academias e clínicas de estética. E os corpos relaxados. Estes sem dúvida são os piores.
Não pensei duas vezes ao mergulhar de cabeça na água, talvez ao emergir o ambiente fosse outro. Logo que voltei à superfície eu a avistei.
As gotículas d'água prendiam-se ao seu corpo fazendo refletir estonteantemente a luz do sol. Mal podia crer no que viam meus olhos, um corpo tal qual nunca havia dantes visto. Torneado com perfeição, curvas voluptuosas que excitavam meus sentidos. Não encontrava forças para conter-me, mantinha o olhar fixado nela, e em seu biquini vermelho. Tinha receio que ela me visse ali, a espreitá-la. Mas ao mesmo tempo este receio aumentava a minha excitação.
Então ela se virou, mergulhou e veio em minha direção.
Os cabelos negros surgindo a minha frente, os grandes olhos cor de amêndoa mais pareciam jóias, cujo valor incalculável. Ela ficou ali, parada. Seus olhos pareciam penetrar-me, desvendar meus segrados mais íntimos.
Num ímpeto inexplicável, meu corpo se faz submergir, olhar através da água aquele corpo divino.
Abro os olhos, ela não está lá.
Mesmo após emergir, onde quer que pairassem, meus olhos não a encontravam.
Teria sido este mais um delírio, uma alucinação? Eu sabia que elas viriam, mas não sabia que seriam tão reais.
Então, num relance, aquele biquini vermelho na rampa de saída. Nado em direção a uma borda desocupada da piscina, ergo-me com certa dificuldade.
Tento correr em direção a rampa, mas meu corpo parece pesar mais que os 72kg usuais. Um mal súbito me acometeu e eu me recordo da dor que senti ao bater com a cabeça no chão.
Ao abrir os olhos fui tomado por uma agonia imensurável, a luz era forte demais. Mas como ser humano que sou, acostumei-me logo com aquela luz. À princípio pensei estar de volta ao sanatório, aquelas paredes super brancas e aquela luz fluorescente. Mas havia algo errado, não haviam enfermeiros ou médicos. Nem outros pacientes.
Levantei-me. Tuoque havia naquela sala era uma mesa de ferro, sobre a qual eu estava deitado, e eu, vestido com uma camisola manchada de sangue, não havia portas ou janelas. Minha cabeça ainda me incomodava, passei a mão sobre ela e descobri que aquele sangue na camisola era meu.
As paredes fazem um barulho estranho, estão ruindo. Agora estou aqui, no meio destes escombros. Tudo que vejo no horizonte são resquícios de algum incêndio, o campo está todo queimado, as árvores, as casas. Tudo queimado.
Ao longe posso ver uma dama de vestido vermelho. É ela, eu sei que é ela. Ela se aproxima tão rápido que mal tenho tempo de esconder o sangue em minha... Não estou mais de camisola, visto agora um terno preto, com gravata e um lenço vermelho-sangue no bolso.
Perco-me novamente naqueles olhos. A única coisa que consegui ouvir foi:
"Eu sabia que você vinha logo."


Afnal, eu não passava de um corpo caído em uma piscina pública. Cuja alma se esvaiu em um rastro de sangue cor de biquini vermelho.

Comunicado

Queridos e queridas,

Nos próximos dias, e talvez durante todo o próximo mês, estarei ausente por motivos de força maior.
Gostaria de agradecer a todos que vem aqui ler as baboseiras que escrevo.
Aproveito para parabenizar o Doug e a Paju que recentemente obtiveram aquela que eu considero a maior vitória quando se é jovem. Mas não se iludam, a faculdade não é a mesma dos filmes, com pessoas correndo nuas pelos corredores e nem cerveja nos bebedouros (decepção).
Bem, eu não deixarei de escrever, acho que sou física e emocionalmente incapaz desta proeza. Então quando voltar terei coisas novas para mostrar a vocês.
Obrigado por tudo pedacinhos do meu coração espalhados pelo Brasil :)

Se ao menos eu fosse uma borboleta.

O céu me dá forças para saber
Que existe paz em algum lugar lá em cima
Talvez um paraíso particular
Tão quieto, tão calmo, estou iludida
Em minha cama me deito
E ainda acordada sonho com aquele lugar
Tão longe de mim
Isso me faz querer chorar
E de tanto chorar o sono vem
Observar os meus sonhos, com planos de
Rezar pelo dia em que eu morrer



Livre adaptação da música If only I were a butterfly

Felisberto.

Felisberto, contrariando seu nome, não era nada feliz.
Era um homem ranzinza e solitário, não gostava de crianças, nem de plantas ou animais.
Não tinha interesse por cinema ou música. Não gostava de teatro e odiava grandes aglomerações.
Ele era empregado de uma grande fábrica de sapatos. E não gostava de lá.
Por vezes Felisberto implantou pregos nas solas de sapato que fazia apenas para deleitar-se com a possibilidade de alguém se machucar com aquilo.
Mas ele sempre era pego pela inspeção de qualidade. E lá vinha o supervisor.
Ele não suportava o supervisor, ele era deveras repetitivo e Felisberto odiava repetições.
Mas Felisberto não fora sempre assim. Crescera como uma criança normal. Sujava a roupa com sobremesa e passava as tardes a brincar com seus amigos. Não tivera uma adolescência agitada. Afinal, os nerds são sempre deixados para trás.
Foi ao ingressar na faculdade que sua vida começou a mudar. O agito social, os encontros com a galera aos finais de semana, as viagens. Foi nessa correria de estagiário recém-formado que ele a conheceu.
A sucubus maliciosa, deliciosa Má-riana.
Eu te amo Fê, eu te amo. - ela repetia.
E ela o fez cair de joelhos, o acorrentou a si e se jogou ao abismo.
Ai, Mariana, por que me abandonastes? Por que não me deixastes ir embora contigo?
Aos poucos Felisberto foi perdendo a vontade de viver,  todo seu desejo pertencia a ela. Aquele anjo suicida. Os anos passaram tal qual segundos. Ontem 23, hoje 45.
E Felisberto agora é apenas, e nada mais que, um amargo e solitário coração partido.

Liberdade Maria, liberdade.

These wounds they will not heal...

Não há como fazer o relógio voltar atrás. Pois as horas de diversão são minutos e as de obrigação são intermináveis. Ele cambaleava, tentando acertar o caminho de volta para casa. Será que conseguiria?
As luzes ainda estavam acesas. Ele pensava na desculpa que daria dessa vez. Mas não haviam muitas opções quando o odor etílico era tão forte. Ele abre a porta. Ouve passos firmes vindo em sua direção.
Afinal, quem era aquela mulher? Não podia ser aquela por quem havia se apaixonado um dia, não havia a menor possibilidade de ser a mesma. Ah, como ela era maravilhosa, com seus belíssimos cabelos dourados, formas voluptuosas e olhar lascivo. 
Esta figura que se projetara à sua frente era completamente diferente, desleixada, com os cabelos cinzentos e desgrenhados, um corpo disforme e olhar vazio.
- Isso são horas? Seu bêbado de merda. Aposto que estava desperdiçando seu dinheiro com essas vadiazinhas. Por que você não fica na rua de vez?
- Não grita comigo, sua vagabunda. O dinheiro é meu e faço com ele o que bem entender. E eu não precisaria de nada disso se tivesse uma mulher de verdade em casa. E não esse monte de merda que você se tornou. 
- Está esperando o quê? Vá logo embora. Eu não preciso de você, nunca precisei.
- E vai viver de quê?  Esqueceu que sou eu que boto comida nessa casa? Nem pra puta você serve, além de velha já está toda acabada.
Havia um enorme vazio em sua alma. Ele não enxergava, não entendia. Nunca entenderia.
Puta. Puta. Puta.
Escutara de seu avô, de seu padrasto. De todos aqueles que se aproveitaram de sua inocência.
Pobre Maria. A agressão era a única forma de autodefesa que conhecia. Conhecera. Do alto de seus 42 anos de idade, não sabia nada da vida.
Nunca houvera ninguém por Maria. Nem haveria.
Ela ajuntou os caquinhos restantes de coragem, de vontade. Subiu as escadas, pôs algumas roupas em uma sacola plástica. Podia escutá-lo quebrando o pouco que ainda lhe pertencia. Pela primeira vez, não se intimidava com os gritos de escárnio, de humilhação.
Desceu as escadas com a pequena embalagem agarrada ao seu corpo, não o podia ver. O silêncio agora a atemorizava. Chegou ao último degrau. Podia vê-lo agora, descaído sobre o sofá vomitado.
Seus olhos correram por cada canto daquela casa, cheia de memórias, malditas memórias. Inalou pela última vez o odor fétido daquela casa. Abriu a porta e saiu.
Em seu êxtase Maria não notou o caminhão vindo em sua direção, não ouviu buzina ou gritos. Só pensava em sua liberdade. 
Ai, doce liberdade.
Palavras repetidas ecoavam em sua cabeça.
Repetiam-se palavras.
As palavras que ecoavam em sua cabeça eram as mesmas.
Repetidas, letra por letra.
Repetia as palavras.
Era repetido por palavras.
Formavam-se novas palavras.
Repetidas.
E ele permanecia sem saber o que escrever.

Muito prazer, Rafaella.

Eu vejo por todo lugar, jovens de 15, 16 anos, muito seguros, cheios de fidúcia e por vezes alguma altivez. Penso com meus botões que há algo de errado comigo, afinal, eu, já no alto de meus 19, findando o superior, trabalhando na área e relativamente bem-remunerada, ando cheia de incertezas. A paixão pela profissão já não é a mesma dos primeiros semestres de faculdade, os sonhos também têm perdido a força. Às vezes flagro-me pensando em como seria se tivesse tomado outro rumo. Será que eu, aos 16 também me fazia apresentar desta maneira? Uma adolescente déspota e egoísta. Eu penso que não. Embora seja extremamente egoísta e azeda agora, aos 16 eu tinha tudo que uma garota poderia querer, pais compreensivos, um namorado legal e amigos verdadeiros. 
Sabe, eu não sei quando minha vida mudou tanto, qual de minhas escolhas me trouxe para onde estou agora. Tenho buscado respostas durante toda a minha vida, mas para quais perguntas? Quero realmente saber tudo? Quero realmente conhecer-me por completo? Qual seria a vantagem disto? Uma das lições que a vida me ensinou é que não se pode conhecer tudo, e que esse é o barato de tudo. Então, embora quase nada esteja valendo a pena hoje, amanhã quem sabe o céu me sorrirá um sorriso amarelo. Manchado de um cigarro barato.

Poeminha infantil e desastroso.

Ele gostava de pensar sobre a ferocidade da solidão.
Aliás era só nela que ele pensava.
A voraz solidão. Infame, inescrupulosa e retroativa.
Ou radioativa. Dependendo do clima.

Pensava afinal, no homo ignobius.
Aquela espécie dominante e esquisita.
Como gostaria de ser diferente.
Um raio de sol, uma gota de chuva.
Um sopro gelado, um vento quente.

Se imaginava gaivota a voar.
Alto se ia, caía.
No mar como um belo peixe que seria.
Correndo em meio às arvores.
A se esconder do predador.
O maldito ser humano e sua arma.
Nenhum pudor.

Aquela caça agora se tornava caçador.
Aquele homem que atemorizava.
Não disfarça o terror.
Com uma patada eu o derrubo.
Ele grita ao cair no chão.
"Meu amigo, quem manda nesta floresta sou eu.
O leão."

Poeminha Amoroso.

amor;
mordaz;
mordida;
ferida;
dançante;
tenaz;
azucrinante.

Incubo straziante

Eu a observava receber carícias daquele estranho.
Estávamos sentados à beira-mar.
Eu nunca me imaginaria nesta situação. À beira-mar.
São Paulo é uma cidade tão diferente daqui. - disse à ela.
Eu imagino. - ela respondeu friamente.
Estar naquele lugar para mim era um refúgio, férias de uma vida que eu não gostaria de ter.
Mas ao mesmo tempo, era torturante vê-la ali.
Tão próxima a mim, mas tão distante.
O que ela queria de mim afinal?
Por que me trouxera para perto de si se não me queria junto a ela?
Desde que eu chegara ainda não havia tido um momento à sós com ela.
Aquela garota que tanto me queria, agora simplesmente me ignorava.
E eu a queria tanto.
Fiquei ali, com os pés mergulhados n'água e a cabeça afundada em "pensentimentos".
Quando dei por mim novamente, eu estava sozinho. Sempre sozinho.
Olhei para trás e lá estava ela.
Caminhando graciosamente em minha direção. Acompanhada apenas do seu belo sorriso.
A imagem agora se deteriora, ela parece desvanecer...
Corra, Maria, corra.
O seu andar airoso foi interrompido e nós sequer chegamos a nos tocar.
Maldito despertador.

Freiheit.

Ela observava cada detalhe.
Cada canto daqueles cômodos com atenção.
Fotografava-os com o olhar.
Guardaria para sempre aquela casa dentro de si.
Cada momento vivido ali.
O tempo lá fora agitava.
Todo serelepe por poder presenciar este momento.
Ainda com um certa hesitação.
Ela desceu o último degrau.
Caminhou em direção à porta e a abriu.
Com sua pequena mala em mãos.
Com sua gaita e sua esperança agarradas ao peito.
Ao pôr o primeiro pé do lado de fora.
Sentiu a primeira gota de chuva.
Como se ela fosse perder um momento como aquele.
Ela caminhava, vitoriosa.
Presenteada com o doce aroma de terra molhada.
Com o sabor pungente de liberdade.

Um caso, por acaso.

Ele caminhava como se estivesse sozinho.
E de fato estava.
Mesmo acompanhado daquela bela mulher.
Tentava se lembrar de onde a conhecia.
Eram vãs suas tentativas.
Andava perdido.
Em meio as pessoas e pensamentos.
Distanciava-se o olhar.
Da mulher e da realidade.
Chegara à encruzilhada de sua vida.
Fechou os olhos e atravessou.
Ecoou a sonora buzina.
- Você está muito novo para morrer. - disse ela.
- E se for apenas o tempo certo? -
Pensou e nada disse.

Un foglio bianco.

Mais uma vez. Lá estava ele.
Empacado frente à magnificência do vazio.
Não era sequer a sombra do escritor que fora.
Naquele remoto futuro.
Seria. Tornar-se-á.
Sem rascunhos seguia a vida.
Uma folha branca, amassada, rasgada, pisada.
Foi ao chão depois da chuva.
Suja.
De lama e humilhação.
No chão.
Do poeta o coração.