Caminhava por uma estrada de paralelepípedos dourados.
Uma longa e sinuosa estrada, que se estendia ao horizonte. Até onde os olhos podiam alcançar.
Recordo-me do meu querer, da minha vontade desesperada de alguém.
Sempre tive medo da solidão. Medo do que ela poderia fazer comigo.
"Você consegue sozinha, doutora."
Mas eu não quero, não quero estar sozinha.
Sentei à beira da estrada, recostei no tronco de uma velha árvore. Pensava muito naquelas pessoas que eu havia deixado para trás. Como eu estava arrependida de tê-los abandonado.
Não queria seguir o caminho e não havia mais volta.
Meus sentimentos estavam tão confusos e as lágrimas insistiam em rolar em minha face.
E em algum ponto antes de adormecer, recordo-me de ter visto um vulto se aproximar de mim.
Ao despertar me encontava em uma espécie de hospital, onde haviam muitos semblantes semelhantes ao meu, cheios de arrependimento.
Com a visão ainda um pouco turva, levantei-me e sai do quarto coletivo.
Era estranho como toda porta pela qual eu passasse dava exatamente na mesma sala.
Uma sala com o teto extremamente alto, de paredes tão alvas quanto as vestes que eu usava. Tão contrastante com a decoração.
Havia apenas uma grande mesa negra e duas cadeiras da mesma cor. Em uma delas havia um homem muito magro, de pele enrugada e olhar acolhedor. Um rosto familiar.
Ele sugeriu que eu me sentasse.
Acatei sua sugestão e perguntei-lhe o que eu fazia ali, como havia chegado e se eu já podia ir embora.
"Por que a senhorita não se acalma? As perguntas não são oportunas, na hora certa saberás o porque de tudo isso."
Retruquei dizendo que ele não podia me manter ali, eu precisava ir embora, havia muita coisa a ser esclarecida.
"Mas não fui eu que te trouxe aqui, você caminhou até este ponto da sua vida com seus próprios pés."
"O senhor só pode estar louco, eu acho que me lembraria se tivesse ido a algum lugar."
Ele apenas sorriu. Um sorriso seco.
"O senhor acha que eu estou brincando? Me deixe ir embora."
"Minha jovem, seu destino ainda não foi decidido. Não posso deixar que vá embora até resolver suas pendências terrenas."
"Pendências terrenas? O senhor não quer dizer que... Não. Eu só estou sonhando. Isto é apenas um sonho."
"Sim, isto é apenas um sonho. Um alerta. Não cometa nenhuma bobagem. Você não vai querer estar aqui de verdade."
"Mas por que isso agora? Eu estou bem, e não penso mais em morte o tempo todo. Por que um alerta?"
"Você sempre tem perguntas inoportunas. Vais passar por mudanças em sua vida. Tem que estar preparada. Não quero ver seu sangue por aqui novamente. Agarre-se aquele que sabe do que eu estou falando."
"Mas como é que eu vou saber quem? Por que você nunca é específico?"
"O que foi que eu te falei sobre a sua intuição? Não damos este dom à toa, nem a qualquer pessoa. Agora atravesse a porta, volte para o seu mundo e não se esqueça: não quero ver seu sangue aqui de novo. Este é meu último aviso. Não quero mais te ver."
"Eu posso te abraçar?"
"Não sabes que não podes me tocar. Queres ficar aqui de vez?"
Levantei-me lentamente, lancei-lhe um olhar de agradecimento e caminhei em direção à porta.
Antes de fechá-la pude vê-lo secar uma única lágrima que escorria pelo lado esquerdo de seu rosto.
Ao fechar a porta, despertei.
Uma longa e sinuosa estrada, que se estendia ao horizonte. Até onde os olhos podiam alcançar.
Recordo-me do meu querer, da minha vontade desesperada de alguém.
Sempre tive medo da solidão. Medo do que ela poderia fazer comigo.
"Você consegue sozinha, doutora."
Mas eu não quero, não quero estar sozinha.
Sentei à beira da estrada, recostei no tronco de uma velha árvore. Pensava muito naquelas pessoas que eu havia deixado para trás. Como eu estava arrependida de tê-los abandonado.
Não queria seguir o caminho e não havia mais volta.
Meus sentimentos estavam tão confusos e as lágrimas insistiam em rolar em minha face.
E em algum ponto antes de adormecer, recordo-me de ter visto um vulto se aproximar de mim.
Ao despertar me encontava em uma espécie de hospital, onde haviam muitos semblantes semelhantes ao meu, cheios de arrependimento.
Com a visão ainda um pouco turva, levantei-me e sai do quarto coletivo.
Era estranho como toda porta pela qual eu passasse dava exatamente na mesma sala.
Uma sala com o teto extremamente alto, de paredes tão alvas quanto as vestes que eu usava. Tão contrastante com a decoração.
Havia apenas uma grande mesa negra e duas cadeiras da mesma cor. Em uma delas havia um homem muito magro, de pele enrugada e olhar acolhedor. Um rosto familiar.
Ele sugeriu que eu me sentasse.
Acatei sua sugestão e perguntei-lhe o que eu fazia ali, como havia chegado e se eu já podia ir embora.
"Por que a senhorita não se acalma? As perguntas não são oportunas, na hora certa saberás o porque de tudo isso."
Retruquei dizendo que ele não podia me manter ali, eu precisava ir embora, havia muita coisa a ser esclarecida.
"Mas não fui eu que te trouxe aqui, você caminhou até este ponto da sua vida com seus próprios pés."
"O senhor só pode estar louco, eu acho que me lembraria se tivesse ido a algum lugar."
Ele apenas sorriu. Um sorriso seco.
"O senhor acha que eu estou brincando? Me deixe ir embora."
"Minha jovem, seu destino ainda não foi decidido. Não posso deixar que vá embora até resolver suas pendências terrenas."
"Pendências terrenas? O senhor não quer dizer que... Não. Eu só estou sonhando. Isto é apenas um sonho."
"Sim, isto é apenas um sonho. Um alerta. Não cometa nenhuma bobagem. Você não vai querer estar aqui de verdade."
"Mas por que isso agora? Eu estou bem, e não penso mais em morte o tempo todo. Por que um alerta?"
"Você sempre tem perguntas inoportunas. Vais passar por mudanças em sua vida. Tem que estar preparada. Não quero ver seu sangue por aqui novamente. Agarre-se aquele que sabe do que eu estou falando."
"Mas como é que eu vou saber quem? Por que você nunca é específico?"
"O que foi que eu te falei sobre a sua intuição? Não damos este dom à toa, nem a qualquer pessoa. Agora atravesse a porta, volte para o seu mundo e não se esqueça: não quero ver seu sangue aqui de novo. Este é meu último aviso. Não quero mais te ver."
"Eu posso te abraçar?"
"Não sabes que não podes me tocar. Queres ficar aqui de vez?"
Levantei-me lentamente, lancei-lhe um olhar de agradecimento e caminhei em direção à porta.
Antes de fechá-la pude vê-lo secar uma única lágrima que escorria pelo lado esquerdo de seu rosto.
Ao fechar a porta, despertei.
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