É só sexo.

descobria-se Sofia
um punhado de lascívia
outro de loucura
e ainda outro de fantasia

em meio a lencóis azuis
olhos verdes
e braços vazios

Sofia tinha sede
e bebia, engolia
arrepio


era arfar e gozar
sem defeito
com a boca cheia
do gôzo de amar
o imperfeito

L'amour

Mesmo sem notar, Sofia buscava o amor,
como um recém-nato busca o seio da mãe na hora da fome.
Encontrou-se em diferentes bocas, diferentes braços e abraços.
Perdeu-se de si nos outros.
Mergulhada em amores sem sentimento,
relacionamentos vazios e despropositados
Sofia ainda sonhava com um amor que abalasse suas estruturas,
que a fizesse perder o pouco fôlego que lhe restara.
Embora o ansejo de encontrá-lo fosse crescente,
em seu coração a certeza de nunca tê-lo se enraizava.
Sofia, cheia de contradições, cheia de maldições.

lemon,

sou pequena sim. no tamanho, dos pés a alegria. na envergadura da lucidez e da heresia. pequena ao aceitar menos do que mereço. pequenina quando deveria ser grande, bravia — embora exagerada no querer [te] e no pensar [te]. nanica nas ambições capitalistas. imensa nas lamentações e nas tensões, nos devaneios e nas construções. puro gigantismo epistolar a substituir encontros de pele e espírito, falsear gozos, afogar desejos. um pequeno universo irreal. minha tenda letrada a consolidar [na folha pautada] tudo que ainda quero — ou imagino querer à custa de injeções diárias de placidez. gotículas de trapaça. sou pequena sim — desde que tua, sempre que tua [toda tua]. uma menina.