Felisberto.

Felisberto, contrariando seu nome, não era nada feliz.
Era um homem ranzinza e solitário, não gostava de crianças, nem de plantas ou animais.
Não tinha interesse por cinema ou música. Não gostava de teatro e odiava grandes aglomerações.
Ele era empregado de uma grande fábrica de sapatos. E não gostava de lá.
Por vezes Felisberto implantou pregos nas solas de sapato que fazia apenas para deleitar-se com a possibilidade de alguém se machucar com aquilo.
Mas ele sempre era pego pela inspeção de qualidade. E lá vinha o supervisor.
Ele não suportava o supervisor, ele era deveras repetitivo e Felisberto odiava repetições.
Mas Felisberto não fora sempre assim. Crescera como uma criança normal. Sujava a roupa com sobremesa e passava as tardes a brincar com seus amigos. Não tivera uma adolescência agitada. Afinal, os nerds são sempre deixados para trás.
Foi ao ingressar na faculdade que sua vida começou a mudar. O agito social, os encontros com a galera aos finais de semana, as viagens. Foi nessa correria de estagiário recém-formado que ele a conheceu.
A sucubus maliciosa, deliciosa Má-riana.
Eu te amo Fê, eu te amo. - ela repetia.
E ela o fez cair de joelhos, o acorrentou a si e se jogou ao abismo.
Ai, Mariana, por que me abandonastes? Por que não me deixastes ir embora contigo?
Aos poucos Felisberto foi perdendo a vontade de viver,  todo seu desejo pertencia a ela. Aquele anjo suicida. Os anos passaram tal qual segundos. Ontem 23, hoje 45.
E Felisberto agora é apenas, e nada mais que, um amargo e solitário coração partido.

3 Ouvintes:

Anônimo disse...

selo pra ti (:
http://coisasqdaonatelha.blogspot.com/2011/01/mais-um.html

Marco Antonio de Moraes disse...

Felisberto provou do voo nas nuvens da paixão, foi mais feliz que qualquer um , até do que sonharia imaginar.

Pena que caiu...

Minha querida, eu acho tantas verdades no que vc escreve!

Abraço!

Bruna Morgan disse...

Coitado do Felisberto

Postar um comentário