Sofia contra o mundo.

Lutava sua luta diária
sofria.
Uma menina sobre lençóis encardidos
Brincava de meretriz

O corpo frágil
marcado pela noite violenta
o rosto pálido
banhado de sangue e suor

Sofia pensava nos amanhãs
enquanto as lágrimas acompanhavam
a aurora do dia.


É você...


i'm bulletproof 
nothing to lose

lembro da música que tocava quando meus olhos repousaram pela primeira vez em ti, recordo-me da sensação, do calor que passou a consumir-me desde então. o olhar pousou e pausou em ti - e de ti não sai porque não sais de mim. foi amor à primeira vista e à segunda e à terceira... isso mesmo, não foi paixão, foi amor - é amor. tu és minha cura, minha alegria ao dormir e ao levantar.
i was not bulletproof, you shot me
i did have things to lose, i've lost my mind, i've lost my heart for you

Eu te amo, Rafa

Jabor tem um sabor diferente.

" O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera
Arnaldo Jabor

c'est l'amour

é o napalm matutino
o desejo incontrolável
in deren schatten ich mich drehe
desassossego

c'est la vie
c'est l'amour

É só sexo.

descobria-se Sofia
um punhado de lascívia
outro de loucura
e ainda outro de fantasia

em meio a lencóis azuis
olhos verdes
e braços vazios

Sofia tinha sede
e bebia, engolia
arrepio


era arfar e gozar
sem defeito
com a boca cheia
do gôzo de amar
o imperfeito

L'amour

Mesmo sem notar, Sofia buscava o amor,
como um recém-nato busca o seio da mãe na hora da fome.
Encontrou-se em diferentes bocas, diferentes braços e abraços.
Perdeu-se de si nos outros.
Mergulhada em amores sem sentimento,
relacionamentos vazios e despropositados
Sofia ainda sonhava com um amor que abalasse suas estruturas,
que a fizesse perder o pouco fôlego que lhe restara.
Embora o ansejo de encontrá-lo fosse crescente,
em seu coração a certeza de nunca tê-lo se enraizava.
Sofia, cheia de contradições, cheia de maldições.

lemon,

sou pequena sim. no tamanho, dos pés a alegria. na envergadura da lucidez e da heresia. pequena ao aceitar menos do que mereço. pequenina quando deveria ser grande, bravia — embora exagerada no querer [te] e no pensar [te]. nanica nas ambições capitalistas. imensa nas lamentações e nas tensões, nos devaneios e nas construções. puro gigantismo epistolar a substituir encontros de pele e espírito, falsear gozos, afogar desejos. um pequeno universo irreal. minha tenda letrada a consolidar [na folha pautada] tudo que ainda quero — ou imagino querer à custa de injeções diárias de placidez. gotículas de trapaça. sou pequena sim — desde que tua, sempre que tua [toda tua]. uma menina.