Hold her.

O conforto de um bom abraço.
Não se encontra em um par de braços qualquer.

Porque eu prefiro ser feliz ao seu lado.

Eis-me aqui, a Rafaella original.

I apologize if it makes you feel bad.
Seeing me so tense, no self-confidence.

Perdoe-me esta pessoalidade, mas ainda há assuntos inacabados. Mesmo depois de tantas metáforas. Faltou falar claro, cuspir as palavras certas.
Contando histórias de pessoas solitárias, subdividi a minha própria solidão. A falta de romance, de alegria, de amigos. A carência de uma jovenzinha insegura. Uma alma atormentada, cheia de anseios, sonhos impossíveis. Como diria o meu querido Renato "O mal do século é a solidão". E realmente é... Para onde quer que eu olhe, vejo apenas pessoas egoístas buscando satisfazer seus próprios desejos e ambições, sem se importar com o sentimento dos outros. Pessoas assim jé fizeram parte da minha vida e eu também já fui uma pessoa assim.
Quando falo da chuva, sinto toda a minha honestidade transbordar... É como se ela despertasse tudo que há de melhor em mim. Pode perguntar por aí, sou muito mais agradável em dias de chuva. Gosto de imaginar que Deus está chorando, arrependido por ter me feito defeituosa. Talvez tudo isso pareça uma grande besteira para você. E talvez de fato, seja tudo bobagem.

Seja o melhor que puder Rafaella, talvez assim, coisas boas aconteçam.

Ou não.

O sonho.

Caminhava por uma estrada de paralelepípedos dourados.
Uma longa e sinuosa estrada, que se estendia ao horizonte. Até onde os olhos podiam alcançar.
Recordo-me do meu querer, da minha vontade desesperada de alguém.
Sempre tive medo da solidão. Medo do que ela poderia fazer comigo.
"Você consegue sozinha, doutora."
Mas eu não quero, não quero estar sozinha.
Sentei à beira da estrada, recostei no tronco de uma velha árvore. Pensava muito naquelas pessoas que eu havia deixado para trás. Como eu estava arrependida de tê-los abandonado.
Não queria seguir o caminho e não havia mais volta.
Meus sentimentos estavam tão confusos e as lágrimas insistiam em rolar em minha face.
E em algum ponto antes de adormecer, recordo-me de ter visto um vulto se aproximar de mim.
Ao despertar me encontava em uma espécie de hospital, onde haviam muitos semblantes semelhantes ao meu, cheios de arrependimento.
Com a visão ainda um pouco turva, levantei-me e sai do quarto coletivo.
Era estranho como toda porta pela qual eu passasse dava exatamente na mesma sala.
Uma sala com o teto extremamente alto, de paredes tão alvas quanto as vestes que eu usava. Tão contrastante com a decoração.
Havia apenas uma grande mesa negra e duas cadeiras da mesma cor. Em uma delas havia um homem muito magro, de pele enrugada e olhar acolhedor. Um rosto familiar.
Ele sugeriu que eu me sentasse.
Acatei sua sugestão e perguntei-lhe o que eu fazia ali, como havia chegado e se eu já podia ir embora.
"Por que a senhorita não se acalma? As perguntas não são oportunas, na hora certa saberás o porque de tudo isso."
Retruquei dizendo que ele não podia me manter ali, eu precisava ir embora, havia muita coisa a ser esclarecida.
"Mas não fui eu que te trouxe aqui, você caminhou até este ponto da sua vida com seus próprios pés."
"O senhor só pode estar louco, eu acho que me lembraria se tivesse ido a algum lugar."

Ele apenas sorriu. Um sorriso seco.
"O senhor acha que eu estou brincando? Me deixe ir embora."
"Minha jovem, seu destino ainda não foi decidido. Não posso deixar que vá embora até resolver suas pendências terrenas."
"Pendências terrenas? O senhor não quer dizer que... Não. Eu só estou sonhando. Isto é apenas um sonho."
"Sim, isto é apenas um sonho. Um alerta. Não cometa nenhuma bobagem. Você não vai querer estar aqui de verdade."
"Mas por que isso agora? Eu estou bem, e não penso mais em morte o tempo todo. Por que um alerta?"
"Você sempre tem perguntas inoportunas. Vais passar por mudanças em sua vida. Tem que estar preparada. Não quero ver seu sangue por aqui novamente. Agarre-se aquele que sabe do que eu estou falando."
"Mas como é que eu vou saber quem? Por que você  nunca é específico?"
"O que foi que eu te falei sobre a sua intuição? Não damos este dom à toa, nem a qualquer pessoa. Agora atravesse a porta, volte para o seu mundo e não se esqueça: não quero ver seu sangue aqui de novo. Este é meu último aviso. Não quero mais te ver."
"Eu posso te abraçar?"
"Não sabes que não podes me tocar. Queres ficar aqui de vez?"

Levantei-me lentamente, lancei-lhe um olhar de agradecimento e caminhei em direção à porta.
Antes de fechá-la pude vê-lo secar uma única lágrima que escorria pelo lado esquerdo de seu rosto.
Ao fechar a porta, despertei.

Tão pessoal e dolorido.

"O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho de vento no trigo..."

Seus desconhecidos cabelos dourados não vivem mais. Mesmo eles agora estão mortos. Viraram pó. Tudo agora é solidão.
Não há riso, não há choro. Apenas a voz do silêncio. E o cheiro de sangue.
Este cheiro que cisma em impregnar minhas narinas.
Eu sempre o imagino ser devorado por corvos.
Maldito Van Gogh.
Acho que finalmente é hora de dizer adeus, meu grande amigo.

Adeus.

Pedro, o que é poesia?

Pedro sentia seus olhos queimarem
A alma esvaia-se em seu arfar e gozar
Cada movimento não ensaiado
Novas perspectivas de amor

Das palavras e da colheita.

Dizem por aí, uns sujeitos indefinidos, que um jovem agricultor, de uma cidade longíqua, lá no interior, apaixonou-se por uma bela moça.
Bem apessoada e de fino trato, a jovem donzela vivia às voltas com seu livro de poesias. O agricultor, pobrezinho, só conhecia terra e sementes, o arado que o cavalo puxava com força.
Era tempo de plantio, de palavras e de amor, sol para um, chuva para outro. Equlíbrio que a natureza havia de conceder.
O jovem agricultor bate à porta da moça que atende cautelosa e o ouve dizer:

    Chegaste de repente
    E sem aviso roubaste meu coração
    Com teu olhar reluzente
    E com teu livrinho nas mãos

    Morena da pele de porcelana
    Tal qual meus olhos nunca viram igual
    Quis fazer-te minha dama 
    E proteger-lhe de todo mal

    Porém o destino me foi cruel
    Fez-me pobre, possuidor de nenhum vintém
    Mãos calejadas escrevem-lhe ao léu
    Estas sinceras palavras que valor algum têm

    Mas guardes na memórias
    Este pobre jovenzinho que te queres tão bem
    Talvez sirva de história
    Aquele que te bem quiseres também

Os olhos da jovem donzela iluminaram-se e ela retrucou:

    Meu jovem agricultor
    Pareces não conhecer bem teu ofício
    Decerto o fazes com amor
    Mas exige-lhe também sacrifício

    Não percebes em que tempo estamos?
    A vida, meu bem, sempre se ajeita
    Já passaram-se dois anos
    Já é hora da colheita

Dizem, os mesmos sujeitos indefinidos, que a jovenzinha largou a família rica para viver com os pés descalços na terra, com o poeta agricultor. Que eles têm uma vida sossegada, sem luxos, mas com muito amor.
Se a história é verdadeira? Esta pergunta eu também me faço. Prefiro acreditar que sim, que o amor pode vencer as barreiras enfim.

Um texto sem título algum.

Eu vivo em um mundo cheio de desesperança.
Cheio de ódio, mágoas e torpor.
Onde avôs abusam de suas netas.
E melhores amigos se vão sem cerimônia alguma.

Eu vivo em um mundo onde as pessoas más tem tudo.
Onde o mal é recompensado com glória.
Um mundo onde se mata e se morre.
Sem amor algum.

Eu vivo em um mundo onde as pessoas boas se isolam.
Por puro temor de tornarem-se ruins.
Onde a solidão impera.
E onde a solidão mata.

Eu criei meu mundo, onde não há portas nem janelas.
Nem corredor ou corrimão.
Onde não há nada além de memórias.
Onde não há nada além da solidão.


Postado originalmente em Seu sopro de insipração diária.

Desatinos de Sofia.

Escrevia:
"Pensava em solidão, vivia solidão e queria solidão.
Queria mesmo?"
Deixes de bobagem Sofia, ninguém quer solidão. A solidão é que é uma senhora oportunista. Aproveita-se de jovens tolas como tu.
Permanecia:
"Há solidão na vida. A solidão da morte, a buscar companhia."
Sofia, acordes. Não vês que só estás a perder tempo? Como podes estar só se estou aqui contigo?
Em palavras se esvaia:
"A morte com sorte, hoje encontra companhia."
Ah Sofia, aborreces-me com estes desvarios.
Com ajuda do cianureto,
Sofia dormia.

Trigo.

Ser raposa é o há de melhor em mim.
Esta insistência tola em criar laços.
Em negar os olhos de pessoas grandes.
E esperar.
Esperar que o vento acaricie o trigo.

Makes life easier.

Poeminha bobo e sem-graça.

Tristeza chegou.
Como de costume, sorrateita.
Perigosa.
Mandei embora.
Tô de caso com a felicidade.

Melancolia carnavalesca.

Ele a sentia em seu âmago.
A lhe amargar o espírito.
Maldita, maldita.
Ele se repetia.
Maldita melancolia.
Queres ver como dou fim a ti?
Tirou-a do coldre.
Sentiu o aço frio encostado na têmpora direita.
Morra desgraçada, morra.
Ecoa o vazio.
Impera a apatia.
Escorria a melancolia.
Presa ao sangue e à massa encefálica de Pedro.