A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
Sofia sentia seu interior vazio, não sabia que doeria tanto, não havia nem ao menos imaginado aquela possibilidade, como estar preparada? Caminhava sob os olhares penosos dos transeuntes, há muito não chorava, muito menos em público. Soluçava, enxugava as lágrimas, parava buscando o ar que parecia fugir.
Ao chegar em casa não havia ninguém para consolá-la, não havia ningém para abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem, niguém para segurá-la quando desmaiou e rolou do alto da escada. Levantou-se ainda um pouco tonta, subiu vagarosamente os degraus, encaminhou-se ao banheiro e ainda com as roupas no corpo entrou embaixo da água fria. Despiu-se lentamente juntando as peças em um canto do box, desligou o chuveiro, deitou-se utilizando o monte de roupas molhadas como travesseiro e chorou até adormecer.
Sofia foi acordada pela mãe que a encheu de questionamentos, mas ela não conseguia pronunciar uma palavra sequer, balbuciou algumas palavras ininteligíveis e pôs-se a chorar novamente. Sua mãe a levantou, secou e a colocou na cama, deixou-a descansando enquanto fazia a janta.
Mas Sofia não conseguia mais dormir, chorava convulsivamente. Saiu da cama e, sem que a mãe percebesse, tomou uma cartela de calmantes. Não queria acordar, a dor era muito grande, quase palpável.
"Why did you leave me?" "I don't wanna be alone" Ela implorava, gritava para si mesma, não queria mais solidão, aquela solidão. Os espasmos seguiram por alguns minutos sem incomodá-la, sabia que em breve estaria descansando.
Quem sabe para sempre.
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