Hoje acordei excessivamente reflexiva e crítica em relação a tudo.
Às pessoas, sentimentos, prazeres e, principalmente a mim.
Tenho uma percepção muito diferente da vida, decerto cada um deveria ter a sua própria, mas em geral a grande massa divide a mesma percepção insensível, tola e fabricada.
Cresci tentando, frustradamente, materializar sentimentos e emoções que nem ao menos sei se eram reais. Hoje não acredito que tais coisas existam realmente embora ainda me negue a desistir de entender o funcionamento do cérebro humano, e quem sabe assim, ter um vislumbre, uma mágica compreensão do que seria essa medíocre existência.
Há muito venho tentando, em vão, encontrar em outras pessoas o que supostamente eu deveria ter em mim mesma: suficiência afetiva.
Na verdade fiz algumas considerações a respeito, e percebi que me assemelho a um parasita. Encontro uma vítima saudável, me uno a ela por meio de laços emocionais (seja uma simples amizade ou um relacionamento amoroso) e sugo todos os seus bons sentimentos. À propósito, não acredito em separação de bons e maus sentimentos, não vejo, em minha leiga opinião, o amor como um bom sentimento quando manipula e aprisiona. Da mesma maneira, não vejo a raiva como um sentimento ruim quando te faz abandonar a hipocrisia e dizer o que realmente pensa.
Depois que estou afetivamente satisfeita, descarto a minha vítima e sigo em busca de uma nova fonte de prazer.
Há quem diga que eu apenas não encontrei realmente o que desejo, mas acho que encontrei sim, acabei por me encontrar ao me perder assim. (sobre)Vivo , me alimentando dos outros, porque realmente não sou suficiente, não tenho nada a oferecer a ninguém, ponto.
São nesses raros momentos de lucidez, ao escrever, que relamente me sinto em paz. Dizendo a verdade a mim mesma, sem tentar me fazer acreditar em um futuro melhor. Em uma vida quiçá.